O final e começo do ano na Itália é recheado de feriados, são 4 festas nacionais do Natal até 6 de Janeiro, dia que encerra as comemorações desta época do ano. Muitos de nós conhecemos dia 6 de Janeiro como o dia de desmontar a decoração de Natal, ou dia de Reis ou a Epifania, MAS aqui na na Itália a tradição da Befana é forte, e é neste dia que as crianças costumam ganhar presentes.
Aqui também existe o costume de colocar aquelas bonitas meias natalinas penduradas nas janelas e lareiras, contudo não é o Papai Noel que enche essas meias. Segundo a tradição, a visita da Befana acontece 12 noites após o Natal (a noite da Epifania), ela é uma mulher muito idosa que voa com uma vassoura, e preenche as meias penduradas na lareira ou perto de uma janela. Geralmente, as crianças que tiveram um bom comportamento durante o ano recebem doces, balas, frutas secas ou brinquedos pequenos. Já àquelas que não se comportaram terão suas meias cheias de carvão ou alho.
Hoje em dia é muito comum os pais encherem as meias com doce a base em formato de carvão, uma brincadeira leve com suas crianças.
No Instagram, começamos o ano contado para vocês a importância do conhecimento de mitologia para entender de forma completa a cultura e tradição italiana, e hoje vamos contar mais sobre a origem da Befana.
A Befana é um ótimo exemplo da influência mitológica de diversas culturas
Sua origem está relacionada a antigos cultos pagãos (Gregos e Nórdicos) que remontam ao século 10 a 6 aC, ligados aos ciclos sazonais da agricultura e ao inverno boreal. Nessas culturas, figuras femininas representavam a fertilidade e prosperidade, daí a origem de uma SENHORA para a Befana.
Os antigos Romanos herdaram esses rituais, integrando-os ao calendário romano, associando de fato o final do ano solar e a chegada do solstício de inverno no hemisfério norte. Na décima segunda noite após o solstício de inverno, a morte e o renascimento da natureza eram celebrados pela Mãe Natureza (a personificação da natureza conhecida como Madre Natura nos países anglo-saxões e come a "Mère Natura" nos países de língua francesa) é a personificação da natureza).
Deusas como Diana (a deusa lunar não apenas ligada ao jogo, mas também à vegetação), Sàtia (deusa da saciedade),ou Abùndia (deusa da abundância), Frigg (senhora do céu na mitologia escandinava), Perchta (guardiã do mundo animal e da natureza em antigas culturas germânicas) são figuras mitológicas altamente ligadas a celebração da Befana. Na cultura romana, tem inter-relação com festas às divindades Giano e Strenia(símbolos do ano novo, prosperidade e boa sorte).
Da direita para esquerda: 1 Diana de Éfeso como alegoria da Naturez a,c. 1680/ 2 Abùndia de Antonio Tarsia,San Zanipolo,Veneza / 3 Máscara de Perchta, Klagenfurt,Áustria.
12 NOITES APÓS O NATAL, POR QUÊ?
O número 12 era simbólico para os antigos romanos, além de representar os doze meses do inovador calendário romano, também estava associado a outras simbologias mitológicas, ligadas às figuras femininas que sobrevoavam os campos cultivados para propiciar purificação e fertilidade das futuras safras. Daí a imagem de uma figura que voa.
MISTIFICAÇÃO
Com a introdução da igreja Católica Romana, precisamente no século 4 dC, quando os cultos pagãos passaram a ser condenados, deu início ao medo na população que temerosa das antigas práticas, começou a criar muitas personificações das antigas figuras e rituais. A partir disso, a imagem de uma senhora passou a ser associada a de uma bruxa. Na verdade, ela não é uma bruxa, mas uma velha afetuosa, representada em uma vassoura voadora, um antigo símbolo que representa a purificação dos lares (e das almas), em antecipação ao renascimento da temporada.
Gradativamente antiga figura feminina pagã foi aceita no catolicismo, como uma espécie de dualismo entre o bem e o mal. Já no período do teólogo Epifânio de Salamina, a mesma recorrência da Epifania foi proposta na data da décima segunda noite após o Natal, absorvendo assim o antigo simbolismo numérico pagão.
TRADIÇÃO NOS DIAS ATUAIS
No período mais recente, as representações italianas da Befana e as festas a ela dedicadas são inúmeras e amplamente difundidas na península itálica. Frequentemente na noite do dia 5 e/ou durante o dia 6 de Janeiro surgem figuras que descem das torres do sinos das praças das cidades, ou velhinhas disfarçadas para distribuir presentes às crianças, é comum que as meias penduradas amanheçam repletas de doces, carvão ou alho.
A tradição diz que é uma senhora idosa para indicar o fim de um ciclo: com o solstício de inverno, de fato, passa-se do velho ao novo, das noites frias e intermináveis ao prolongamento do período de luz.
A tradição é passada pelas gerações nas famílias e o Pedro desde criança recebia suas 'recompensas' em sua meia no dia 6 de Janeiro. Desde que estamos aqui na Itália, continuamos a tradição, agora com nossas meias de lã penduradas na nossa janela, a espera da Befana. E vocês, o que fazem no dia 6 de Janeiro, como comemoram? Conta para nós aqui nos comentários.
Se quiserem conhecer mais sobre Molise e a Itália desconhecida clique na imagem abaixo, e se torne um descobridor.
Comments